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A menina que usava vestido e tênis – Primeiro Capítulo
Meu nome é Ketyllin, e moro com minha vó em uma fazenda. Lá é um lugar muito
bonito, e silencioso, mas mesmo assim, gostaria de conhecer a cidade grande algum dia…
— Kety! Venha almoçar!- disse minha vó, me acordando de meus devaneios.
— Já vou vó!- falei descendo as escadas. Eu estava na minha casa na árvore.
Ao chegar na cozinha, vi minha vó pondo as comidas na mesa, extremamente feliz.
Sentei-me na cadeira e ela começou a falar:
— Ketyllin! Tenho uma novidade para você!
— Sério? O que é vovó?
— Você vai ir para a cidade grande!
— O quê?!?!?!- falei espantada.
— Minha neta querida! Sua mãe quer que você vá para São Paulo!
— M-Minha mãe?- gaguejei
— Claro! Você passará as suas férias de verão lá!
Eu realmente queria muito ir à cidade grande, mas não queria que fosse hoje! Fiquei tão
espantada com a notícia, que fui para o meu quarto, sem mesmo ter almoçado.
Estava destruída! Se nem no campo consigo fazer amigos, então imagina em São Paulo!
E além do mais, não quero ver minha mãe! Ela tinha me largado com minha vó desde que meu
pai faleceu! Naquela época tinha apenas cinco anos! Eu era muito ingênua! Por que agora ela
me quer de volta? Para ser sincera, nem me lembro de seu rosto!
Ao lembrar daquilo, as lágrimas rolavam em minha face. Por que? Por que ela tinha que
tornar tudo tão difícil? Eu compreendo como foi lidar com a perda de meu pai, mas precisava?
Precisava ter me afastado da cidade, me afastar de tudo que eu amo? Agora ela faria a mesma
coisa! Me afastaria do local onde já estava acostumada a viver! O local onde vivi a maior parte
da minha vida! Eu estava indecisa. Mas de qualquer modo, não teria escolha. Olhei ao meu
violão encostado na parede, e pensei: “Se for para eu ir à cidade, tenho que levá-lo”. Talvez eu
esteja disposta a viver uma grande aventura!
— Kety!? Você está bem?- minha vó abriu a porta, se deparando comigo deitada na cama, de
cabeça para baixo.
— Estou vó, estou…- falei me levantando da cama.
— Venha cá minha netinha sardenta- falava isso, enquanto apertava minha bochecha.
Dei um forte abraço nela, e saí do meu quarto.
Eu era uma menina às vezes bem simples, cabelos aos ombros repicados e ruivos, um
monte de sardas, olhos azuis cintilantes, e de mais ou menos, um metro e sessenta e cinco de
altura. Minha vó e eu, costumávamos fazer uma brincadeira. Geralmente quando uma de nós
ficava triste, a outra apertava as bochechas da outra. No meu caso, a vovó apertava minhas
sardas. Ela até deu um apelido de “menina sardenta”. Era engraçado.
Depois de todo aquele drama, peguei meu violão, e fui direto à minha casa na árvore.
Então comecei a toca-lo para descontrair, era como um leve sopro de vento fazendo melodias
agradáveis em meus ouvidos. Cada nota que tocava, a música se tornava cada vez mais difícil.
Será que isso era uma referência à minha vida? Olhei ao meu redor, e estava cercada de livros
musicais. Aquilo para mim era um hobbie! Eu amava tocar violão!
Me lembro, que com sete anos de idade, meu vô me ensinou a tocar o instrumento.
Hoje em dia, meu vô não mora mais com a gente. Ele se divorciou de minha vó, aos meus 13
anos. Na época, ela não conseguia lidar com a situação, foi bem difícil para ela no começo, mas
felizmente, suportou a perda. Na verdade isso ocorreu recentemente, no meu aniversário de 14
anos, ano passado.
Quando me toquei, estava tocando uma música, com melodias frias. Parei no mesmo
instante, meus dedos já estavam sangrando. Então fui olhar a janela, e percebi que já era noite.
Infelizmente eu havia perdido o pôr do sol. Desci então, da árvore, e me deparei com o meu
cavalo Star Fire. Eu tinha ganhado ele antes de meu pai falecer, ele havia me dado.
O cavalo parecia atordoado com algo, não entendi bem o porquê. Olhei em volta, mas
era inútil naquele breu. Então ouço um uivo alto. Devia ser um lobo. Saí correndo e fui chamar
minha vó.
— Vó! Tem um lobo aqui na fazenda!- berrei, fazendo a mesma pular da cama.
— Onde?!?!?- ela pegou sua espingarda.
— No estabulo!- apontei para Star Fire.
Nós então, fomos devagarinho com uma lanterna, até o estabulo dos cavalos. Mas ao
chegar lá, o lobo havia sumido. Aquilo tinha me deixado nervosa.
— Vá dormir Kety! Você deve ter ouvido coisas!
Então fomos para cama. Demorei para pegar no sono, ainda suspeitava de algo. Star
Fire não daria coices do nada! Eu sei bem o que eu ouvi! E tinha sido o uivado de um lobo! Isso
me deixava confusa. A minha vida estava sendo chacoalhada de cabeça para baixo. Eu deveria
parar de devanear tanto! Às vezes, minha mente vive viajando. Então olhei a foto do meu pai,
dei um beijinho e dormi.
Continua…
(Julia Mantelli Copatti)